Madre Teresa de Calcutá sofreu de crise de fé uma vez na vida e, inclusive, duvidou da existência de Deus, segundo cartas que estão sendo publicadas num livro sobre a religiosa."Jesus te ama de uma forma muito especial. No meu caso, o silêncio e o vazio são tão grandes que olho e não vejo, escuto e não ouço", escreveu a missionária a seu confidente, o reverendo Michael Van Der Peet, em 1979.As cartas, muitas das quais Madre Teresa quis rasgar, aparecem em "Mother Teresa: Come Be My Light" ("Madre Teresa: venha ser a minha luz"), livro publicado 10 anos depois de sua morte. Alguns fragmentos chegaram a ser publicados em edição recente da revista Time.Em mais de 40 cartas que cobrem um período de 66 anos, a freira de origem albanesa que dedicou sua vida a trabalhar com os pobres nos subúrbios de Calcutá, na Índia, escreveu sobre a "escuridão", a "solidão" e a "tortura" em que vivia."Onde está minha fé, aqui no mais profundo não há nada, Meus Deus, que dolorosa é esta pena desconhecida. Não tenho fé", escreveu em uma carta."Se há um Deus, perdoa-me, por favor. Quando tento elevar minhas preces ao Céu, há um vazio tão condenador..."."Peço, me agarro, quero, e não há Ninguém para contestar - Ninguém a quem me apegar, não, Ninguém. Sozinha", acrescentou.Em sua juventude, Madre Tereza teve visões. Em uma delas disse que falou com Jesus crucificado.O editor do livro, reverendo Brian Kolodiejchuk, é um membros das Missionárias da Caridade de Madre Teresa e foi responsável pelo pedido de sua santificação."Nunca li a vida de um santo com uma escuridão espiritual tão profunda. Ninguém sabia que ela estava tão atormentada", disse Kolodiejchuk à revista Time."Li uma carta para as irmãs (as Missionárias da Caridade) e elas ficaram boquiabertas. O livro dará uma nova dimensão à maneira como as pessoas a vêem", acrescentou o reverendo.Madre Teresa foi beatificada em 2003, seis anos depois de sua morte, quando o Papa João Paulo II acelerou seu processo de santificação."Se um dia eu for Santa, serei com certeza a santa da escuridão'. Estarei continuamente ausente do Paraíso", escreveu.
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