Um dos principais ensinamentos do Buda é aquele que é o conhecido como as Quatro Nobres Verdades. Ele constitui a base de todas as escolas budistas.
A primeira nobre verdade ensina que toda a vida é dukkha, palavra que tem sido traduzida como "sofrimento", mas que também pode significar "insatisfação". A segunda afirma que o sofrimento tem uma origem, a terceira que há uma forma de suprimir este sofrimento e a quarta recomenda o caminho para acabar com o sofrimento.
O Nobre Caminho Óctuplo
Tem sido sugerido que a forma de exposição da doutrina das "Quatro Nobres Verdades" segue um padrão que se assemelha ao do diagnóstico de uma doença: depois de ter apontado as origens do mal, o Buda mostrou um remédio que leva à cessação desse mal. Esse "remédio" é conhecido como o "Nobre Caminho Óctuplo" (em sânscrito: Astingika-Marga), e deve ser adoptado pelos budistas. Consiste em:
Visão correcta: implica o conhecimento das Quatro Nobres Verdades;
Intenção correcta: desejo de permanecer no Caminho que conduz à iluminação;
Palavra correcta: falar de uma forma clara, e sobretudo, não fazer uso de uma linguagem agressiva ou maliciosa
Actividade correcta: implica seguir cinco regras básicas, que são não matar, não roubar, não mentir, não ingerir substâncias intoxicantes e não ter uma conduta sexual incorrecta;
Meios de subsistência correctos: ter uma forma de ganhar a vida que não implique o sofrimento dos outros seres e a desonestidade;
Esforço correcto: praticar a autodisciplina de modo a evitar as paixões;
Memória ou atenção correcta: implica a auto-análise constante dos pensamentos e acções;
Concentração correcta: é o objectivo final, que é entrar no estado de Nirvana.
Cosmologia
Roda da vida (Bhavacakra), onde se representam os seis reinos
A cosmologia budista considera que o universo é composto por vários sistemas mundiais, sendo que cada um destes possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio que dura bilhões de anos.
Num sistema mundial existem seis reinos que por sua vez incluem vários níveis, num total de trinta e um.
O reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno budista é diferente da concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino; os seres que habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali se esgota. Por outro lado, o budismo considera que existem não apenas infernos quentes, mas também infernos frios.
Acima do reino dos infernos encontra-se o reino animal, o único dos vários reinos perceptível aos humanos e onde vivem as várias espécies.
Acima deste encontra-se o mundo dos espíritos ávidos ou fantasmas (preta). Os seres que nele vivem sentem constantemente sede ou fome sem nunca terem estas necessidades saciadas. A arte budista representa os habitantes deste reino como tendo um estômago do tamanho de uma montanha e uma boca minúscula.
O reino seguinte é o dos Asura (termo traduzido como "Titãs" ou dos antideuses). Os seus habitantes ali nasceram em resultado de acções positivas realizadas com um sentimento de inveja e competição e vivem em guerra constante com os deuses.
O quinto reino é o dos seres humanos. É considerado como um reino de nascimento desejável, mas ao mesmo tempo difícil. A vida enquanto humano é vista como uma via intermédia nesta cosmologia, sendo caracterizada pela alternância das alegrias e dos sofrimentos, o que de acordo com a perspectiva budista favorece a tomada de consciência sobre a condição samsárica.
O último reino é o dos deuses (deva) e é composto por vários níveis ou residências. Nos níveis mais próximos do reino humano vivem seres que devido à prática de boas acções levam uma acção harmoniosa. Os níveis situados entre o vigésimo terceiro e o vigésimo sétimo são denominados como "Residências Ruras", sendo habitadas por seres que se encontram perto de atingir a iluminação e não voltarão a renascer como humanos.
Escrituras
Edição do Cânone Pali
À semelhança de Jesus Cristo o Buda não deixou nada escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano em que o Buda faleceu teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra onde discípulos do Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que os transmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade deste concílio é alvo de debate: para alguns este relato não passa de uma forma de legitimação posterior da autenticidade das escrituras.
Por volta do século I a.C. os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde se constitui o denominado Cânone Pali. O Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como contendo os textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda. Não existem contudo no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano.
O canône budista divide-se em três grupos de textos, denominado "Triplo Cesto de Flores" (tipitaka em pali e tripitaka em sânscrito):
Sutra Pitaka: agrupa os discursos do Buda tais como teriam sido recitados por Ananda no primeiro concílio. Divide-se por sua vez em vários subgrupos;
Vinaya Pitaka: reúne o conjunto de regras que os monges budistas devem seguir e cuja transgressão é alvo de uma penitência. Contém textos que mostram como surgiu determinada regra monástica e fórmulas rituais usadas, por exemplo, na ordenação. Estas regras teriam sido relatadas no primeiro concílio por Upali;
Abhidharma Pitaka: trata do aspecto filosófico e psicológico contido nos ensinamentos do Buda, incluindo listas de termos técnicos.
Quando se verificou a ascensão do budismo Mahayana esta tradição alegou que o Buda ensinou outras doutrinas que permaneceram ocultas até que o mundo estivesse pronto para recebê-las; desta forma a tradição Mahayana inclui outros textos que não se encontram no Theravada.
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