Sunday, February 25, 2007

Palacete Dantas



Palacete Dantas


PRIMEIRA PARTE


Informe Histórico Palacete Dantas e Sobrado Narbona – IEPHA-MG (Publicação na íntegra)
"No final do século XIX, iniciou-se a construção da nova capital do Estado, obedecendo às determinações do governo mineiro. Dentro de um planejamento urbano ainda inusitado em Minas, a planta da cidade estabeleceu espaços a serem desenvolvidos segundo sua utilização. Assim, surgiram os primeiros bairros, o centro comercial e o centro administrativo. Em torno deste último, sem dúvida o núcleo mais nobre da cidade, composto pelo Palácio da Liberdade e pelas Secretarias de Estado, desenvolver-se-ia o chamado Bairro dos Funcionários, com diferentes tipos de residências destinadas a abrigar toda a hierarquia do funcionalismo público. O padrão arquitetônico dessas construções oficiais não obedeceu a um estilo definido, predominando as concepções ecléticas, em especial o neoclassicismo. Nelas, foram intensamente utilizados tanto a mão-de-obra especializada como elementos ornamentais importados de origem européia. Num desdobramento da iniciativa oficial, surgiram, nos anos seguintes, inúmeras edificações particulares ou públicas ocupando gradativamente os espaços vazios dos primeiros centros e criando outros. Em 1915, o engenheiro e construtor José Dantas, responsável por diversas dessas construções da capital, encomendou ao arquiteto Luis Olivieri o projeto para a edificação de sua residência, a localizar-se em ponto nobre, ao lado do Palácio governamental. Luis Olivieri, arquiteto e escultor italiano diplomado em Florença, foi elemento integrante da Comissão Construtora e alcançou grande prestígio na capital, tendo realizado grandes obras, como a Estação da Estrada de Ferro Central do Brasil. A planta da edificação foi aprovada pela Prefeitura (inscrição de n. 69) e sua construção executada pelo próprio proprietário. O chamado Palacete Dantas distingue-se das demais construções residenciais de sua época por ser produto de um empreendimento particular do mesmo porte e estilo das edificações oficiais que o circundavam. Destinado a abrigar uma família grande e abastada, foi planejado com generosidade de espaços e requinte ornamental. Sua planta dividia-se em dois pavimentos, concentrando os ambientes mais importantes (quartos, salas e cozinha) no segundo. Como o desenho de sua fachada, de 1915, não correspondeu à sua conformação original, é presumível que tenha sido alterada ainda durante as suas obras, possivelmente sob a intervenção do engenheiro José Dantas. Os trabalhos em estuque que ornamentam a fachada foram realizados por uma equipe de italianos. Na ornamentação interna original, foram utilizados tanto elementos importados como a escadaria de ferro trabalhada, procedente da Bélgica, e o lustre de cristal da Boêmia, com trabalhos de artistas regionais, como o parquete do piso e o rodapé da sala de visitas, assinados por M. F. Tunes. Uma das descendentes da família Dantas, Augusta Dantas Luz Pereira, assim descreve esses trabalhos: "Todo feito à maneira de mosaicos, onde se empregaram as mais variadas espécies de madeiras brasileiras em sua cor natural. Assim, na figura da mulher, usou-se para compor o colorido, de seus cabelos, a braúna, a cabiúna e o jacarandá. Repare-se no rodapé da sala de visitas, com seus desenhos geométricos, que mais parece um mostruário de nossas madeiras, entre elas o pau-brasil (o rodapé exposto e premiado em Bruxelas). Outro artista que trabalhou no palacete foi o marceneiro Gabriel Antônio Galante, responsável pela execução de dois tetos (sala de visitas e de jantar) em imbuia trabalhada. Também o mobiliário foi cuidadosamente escolhido." As paredes receberam finos revestimentos: sedas estampadas com moldura dourada (sala de visitas), lambris de meia parede (sala de jantar) e pinturas em motivos musicais na sala de música. Guarnecendo as paredes da copa, foi colocado azulejo branco de meia-parede, com arremate em motivos de cereja em relevo e grega vermelha. Merecem ainda registro outros elementos ornamentais: lavabo em louça pintada, maçanetas e vidros das guarnições das janelas em cristal lilás. Construída de acordo com os padrões estéticos então em voga e tão ricamente montada, a residência dos Dantas tornou-se uma das melhores moradias particulares da capital. Prova disso foi que em 1920 o Palacete hospedou o então presidente do Estado, Arthur Bernardes, quando da visita do rei Alberto, da Bélgica, que se instalou no Palácio da Liberdade.

No comments: