Palacete Dantas SEGUNDA PARTEApós algumas modificações, a partir de junho de 1926, o Palacete Dantaspassou a abrigar o Club Central, atual Automóvel Clube, recém-criadaassociação de lazer da elite da capital. Essas modificações resultaram naalteração de suas divisões internas, como a demolição das paredes dos quartospara a criação de um grande salão de festas (com novo assoalhamento emudança de teto) e a abertura de um arco ligando-o à sala de visitas. As obrasduraram de janeiro a fins de maio, compreendendo também a reformulaçãogeral da decoração interna. Esta e o novo mobiliário ficaram a cargo da CasaLaubisch & Hurt, do Rio de Janeiro, vencedora de uma concorrência estabelecidapelo clube.Reestruturada para sua nova utilização, a edificação passou a possuir amplosalão de festas, salão de recepções, bar e restaurante, sala para senhoras,diversas salas de jogos e outros ambientes elegantes, todos ricamentedecorados em diferentes estilos. O Club Central foi inaugurado em 14 de junhode 1926 e ocupou o Palacete até dezembro de 1929, quando foi transferido paraa sede definitiva.Em 1930, o proprietário José Dantas retornou ao Palacete, instalando-se aí porcurto espaço de tempo. Já em 1931, o imóvel foi cedido ao governo estadualpara hospedagem do presidente Getúlio Vargas e sua comitiva, em visita a BeloHorizonte. Nesta ocasião, o prédio sofreu novas remodelações no seu interior.Ainda servindo a fins oficiais, foi moradia do Dr. Gustavo Capanema, comoSecretário de Estado do governo Olegário Maciel.Nos anos seguintes, o Palacete foi vendido ao Dr. Sílvio Fonseca, passando a seralugado sucessivamente para diferentes instituições. Data daí o início de suadescaracterização e depredação. Conservando sempre sua fachada original, oprédio teve o seu interior inúmeras vezes reformado, perdendo gradativamenteos elementos ornamentais, por exemplo, em 1938, quando o prédio voltou apossuir as divisões entre os quartos para, posteriormente, serem de novodemolidas, como atesta seu estado atual. É possível apontar algumas dasinstituições, em geral educativas, que ali se instalaram: Colégio Sion, ColégioHelena Guerra, Faculdade Cató1ica (1958 a 1963) e FUMEC. Entre 1972 e 1978,o Palacete foi ocupado pela 1ª Delegacia Regional de Ensino, unidade daSecretaria de Educação.Em 1977, o Palacete foi incluído no tombamento do conjunto da Praça daLiberdade, efetuado pelo IEPHA/ MG, medida que objetivou a sua proteçãomediante as constantes depredações e ameaças de demolição. Tombado, oprédio se desvalorizou comercialmente. Em virtude de seu estado já precário,tornou-se difícil a sua venda ou aluguel, como desejavam os herdeiros da famíliaFonseca. Assim, o prédio permaneceu abandonado durante anos, período noqual sofreu sua maior deterioração. Parte do teto caiu, permitindo a entrada dachuva, janelas foram quebradas e o piso em parquete foi arrancado. Desde seutombamento, o Estado planejava a sua aquisição, chegando a criar umacomissão para avaliação, sem resultados concretos. Os jornais iniciaram, em1980, uma campanha pela sua preservação, apontando a compra e restauraçãopelo Estado como a solução ideal para o Palacete. Finalmente, em outubro de1981, o prédio foi adquirido pelo governo estadual, por intermédio doIEPHA/MG. Após sua restauração, passou a abrigar a Coordenadoria hojetransformada em Secretaria de Estado da Cultura.Fonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG).Sobrado NarbonaA fase de construção da nova capital do Estado, no final do século passado atéaproximadamente a década de 1920, viu serem erguidos em algumas áreas dacidade prédios de certo apuro construtivo, que buscavam assemelhar-se àqueleserguidos por iniciativa oficial. Neste caso, enquadra-se a edificação em estudo,que, como o Palacete Dantas, situa-se em local nobre da Praça da Liberdade, aolado do Palácio e das Secretarias.Essa localização privilegiada contribuiu de forma significativa para que osproprietários de edificações particulares ali erguidas se esmerassem naconstrução de suas residências. Assim fez seu proprietário e construtor FranciscoNarbona, espanhol que veio moço para o Brasil, residindo antes no Rio e em SãoPaulo. Em Belo Horizonte, onde se achava desde os tempos da ComissãoConstrutora, era bastante conhecido. Como construtor, foi longa e intensa suaatividade, não só na capital como em muitas outras cidades do Estado.Francisco Narbona construiu sua residência em período anterior a 1911, pois oÁlbum de Bello Horizonte do referido ano registra esta edificação na página quetraz o titulo "Typos de Casas Particulares". Desconhece-se a data exata daconstrução e autoria do projeto, embora tenha sido localizada a planta original,que está assinada apenas pelo proprietário e não está datada. Presume-se quetenha sido executado na própria firma de Francisco Narbona, que, como já foicolocado, dedicava-se à construção civil.Embora tenha sido construída para residência da família, funcionou no período1917 a 1918 como Faculdade de Odontologia. Posteriormente, para ali setransferiu a família Narbona, que residiu no imóvel até a década de 1940.Em 1941 Francisco Narbona faleceu, e em julho de 1943 o imóvel foi vendidopela viúva, Sra. Salud Caruz de Narbona, conforme escritura lavrada no CartórioBolivar Moreira.Após essa data, há um vazio de informação sobre o uso do prédio, sendoregistrado mais tarde, em 1964, sua ocupação pela Delegacia Geral do Estado e,a partir de março de 1967, pela Fundação Estadual pelo Bem-Estar do Menor(FEBEM).É importante assinalar que, após a aquisição do imóvel pelo Estado,aconteceram não apenas diversas modificações internas para a adaptação anovos usos, como também um acréscimo, construído na área do jardim lateralque ficava na Avenida Cristóvão Colombo, o qual, embora tenha procuradomanter as características externas prédio, ao aproximá-lo excessivamente doPalacete Dantas, impediu a visão das fachadas laterais e prejudicou as duasedificações.Em 1983 o prédio foi cedido à recém-criada Secretaria de Estado da Cultura,que, funcionando ao lado, no Palacete Dantas, necessitava de novos espaçospara sua implantação. Após essa data, iniciaram-se os trabalhos de restauraçãoe adaptação do prédio. Tombado pelo IEPHA/MG, em 10 de agosto de 1977, oSobrado Narbona foi incluído no conjunto arquitetônico e paisagístico da Praçada Liberdade."Fonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – Iepha-MG.